Sumário
ToggleO mercado de franquias é, hoje, extremamente diversificado: existem redes que atuam no setor de alimentação, outras que trabalham com beleza e saúde, outras ainda nos segmentos de comunicação, educação, vestuário, imóveis, tecnologia, entretenimento, decoração, pet, turismo.
Cada um desses nichos conta com suas próprias especificidades, oportunidades e desafios. Mas também há aqueles desafios que são comuns a todas as franquias, especialmente às grandes redes, com mais de 100 unidades.
São exigências que começam a ser percebidas com mais intensidade quanto mais a rede cresce: o acompanhamento da saúde financeira dos franqueados e a manutenção dos níveis de padronização e qualidade são dois bons exemplos.
Se não forem encarados com seriedade, esses desafios podem se tornar grandes problemas, e se, ao contrário, forem pensados de modo estratégico, podem se converter em motores de crescimento e geração de valor para franqueadores e franqueados.
Abaixo, listamos quatro dos maiores desafios enfrentados pelas grandes redes de franquias:
1. Manutenção dos níveis de padronização e qualidade
O produto ou serviço entregue por uma franquia precisa seguir um alto nível de padronização: afinal, o consumidor deve encontrar neles a mesma qualidade, seja qual for a unidade da rede que faça seu atendimento. Para garantir a manutenção desse padrão, as franqueadoras costumam investir em auditorias e inspeções, que conferem regularmente se os franqueados seguem os padrões que foram orientados a seguir. Mas quanto maior a rede, claro, mais complexo e oneroso esse processo pode se tornar.
Hoje, porém, a tecnologia permite que as auditorias sejam feitas à distância, o que reduz os custos e o tempo investidos na operação. A franqueadora disponibiliza listas de itens a serem verificados em cada unidade e determina uma periodicidade para as respostas. As unidades preenchem os formulários, informando todos os pontos de atenção para padronização da rede, e anexando fotos e documentos que comprovem os dados informados. Se o franqueado responder o formulário em desconformidade com as métricas, a franqueadora deve criar um plano de melhoria com prazos predeterminados, e acompanhar a unidade na restauração dos padrões.
2. Centralização da comunicação
Organizar e centralizar a comunicação é uma necessidade e um desafio de toda grande empresa – e pode ser um desafio ainda maior no caso das redes de franquias. Muitas franqueadoras ainda se comunicam com seus franqueados por meio de sistemas informais e descentralizados, como email e aplicativos de mensagens. Fazer a comunicação de qualquer jeito, sem um cuidado e planejamento específicos, pode resultar em perda de dados, retrabalho, duplicidade ou contradição nas informações, excesso de mensagens e falhas nas interações. A rede também corre o risco de ter informações e documentos vazados e de não conseguir se adequar à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Integrar a comunicação faz com que as informações circulem pela rede de maneira automatizada e rápida, chegando a quem de fato devem chegar, e reunindo dados que, de outra forma, acabariam espalhados por diferentes ferramentas. A troca mais fluida de dados facilita a tomada de decisões estratégicas e diminui os problemas encontrados nas operações diárias.
3. Acompanhamento da saúde financeira dos franqueados
Em um artigo anterior, comentei como a gestão de DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) não deve ser vista apenas como uma obrigação legal, mas sim como uma ferramenta estratégica, que permite às empresas identificar gargalos na produção, entender possíveis situações negativas, e otimizar processos internos. O preenchimento regular da DRE, porém, é apenas uma das práticas que precisam ser levadas em conta na hora de acompanhar a saúde financeira das unidades, e esse acompanhamento deve ser considerado de maior importância pela franqueadora. Afinal, é a saúde financeira dos franqueados que garante o crescimento sustentável da rede.
Além de incentivar o preenchimento da DRE, a franqueadora também deve estipular metas financeiras, e fazer o acompanhamento da performance dos franqueados frente a esses objetivos. A análise constante permite ainda identificar quais são as boas práticas das unidades que estão de fato tendo lucro, e orientar os demais franqueados quanto aos caminhos para replicar essas boas práticas. Evidentemente, quanto maior a rede, mais difícil é fazer um acompanhamento detalhado da saúde financeira dos franqueados, o que reforça a necessidade do uso de tecnologias e ferramentas especialmente pensadas para facilitar esse processo.
4. Treinamento
Uma rede de franquias não se mantém e não cresce sem o desenvolvimento de seus próprios franqueados, o que torna vital o investimento em cursos e capacitações. Os treinamentos podem ser voltados à operação e ao dia a dia das próprias redes de franquias (e estar inclusive conectados, por exemplo, com orientações ligadas aos três desafios citados acima), mas também podem incluir temas mais amplos, como gestão de tempo, liderança e trabalho em equipe.
Assim como os processos de checklist, a disponibilização de cursos foi facilitada após a pandemia, com a popularização do ensino remoto e a maior familiarização das pessoas com práticas de EAD. As redes de franquias precisam se conscientizar a respeito da importância de capacitar cada vez mais seus franqueados, de forma constante; e, então, buscar meios e ferramentas que permitam essa capacitação, o que faz com que todos, franqueadores e franqueados, saiam ganhando.